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FEMINISMO

Atualizado: 18 de nov. de 2021

Eu tenho certeza que você já ouviu falar do tema feminismo pelo menos uma vez na sua vida, mas você realmente sabe o que é isso?


Olá meu querido amigo (a), seja muito bem-vindo (a) a mais um post. Hoje eu vou falar sobre o tão polêmico feminismo.


O que é feminismo?


Antes de tudo, você sabe o que é feminismo? Feminismo é um movimento que tem como objetivo a igualdade de gênero.


Acompanha comigo alguns dados de uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2016/17. A taxa de frequência das mulheres durante o ensino médio é dez pontos mais alta entre as mulheres do que entre os homens. Em afazeres domésticos, a média é de 18,1 horas por semana trabalhadas por uma mulher, se for uma mulher preta a taxa é maior ainda; enquanto com o homem é apenas 10,5. Já no ensino superior as mulheres estão cerca de três pontos à frente dos homens. Porém, a média salarial mensal de uma mulher é de R$1.764, enquanto a do homem é de R$2.305. Nos cargos de gerência a mulher ocupa apenas 37,8% deles, na política esse número é menor ainda, apenas 10,5% dos assentos da Câmara são ocupados por mulheres. Agora você me pergunta: “Então, a mulher estuda e trabalha mais do que os homens e recebe menos?”. Exatamente isso! Algo não está certo, não é mesmo?



O que o feminismo defende?


Bom, até agora você já sabe que o feminismo busca a igualdade de gênero, e que de acordo com os dados que eu acabei de apresentar a você isso não está tão próximo de acontecer.



Mas o que exatamente o feminismo defende e luta por? A luta feminista engloba diversos aspectos relacionados à mulher. Tais como direitos iguais para homens e mulheres dentro da sociedade, empoderamento feminino, autonomia e independência da mulher, o fim da desigualdade salarial, fim do feminicídio e da violência contra a mulher, igualdade da participação política, libertação dos padrões de beleza impostos, direito para fazer o que quiser com o próprio corpo, e por aí vai. Conseguiu entender a complexidade disso tudo? Deixa eu te contar um pouquinho sobre como tudo isso começou...


Como surgiu?




Durante a Revolução Francesa, através da Olympe de Gouges o mundo teve um gostinho do que estava por vir. Olympe era uma ativista feminista que lutava pela emancipação (explicar o que é emancipação) do direito das mulheres de participar ativamente na política. Ela criou a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que era uma crítica à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Por ser contra a política da época e deixar isso bem claro, ela foi sentenciada à morte e a sua última frase foi:


“Se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso¹, ela deve ter igualmente o direito de subir à tribuna”.

Cadafalso = forca


Já na Inglaterra, Mary Wollstonecraft era escritora e educadora, escreveu “Reivindicação dos direitos da mulher”, que ficou conhecido como o primeiro livro feminista. Ela defendia que as mulheres deveriam ter o mesmo acesso que os homens à educação formal.




Essas duas mulheres ficaram conhecidas por serem as pioneiras do movimento, e por, mesmo com muita luta, terem tido a sua voz ouvida de alguma forma. Esse foi apenas o começo de uma grande guerra que estava se iniciando.


Como surgiu o feminismo no brasil?


No Brasil o movimento feminista chegou um pouco mais tarde. Tudo começou no século 19 com a Nísia Floresta Augusta que é considerada a precursora do feminismo brasileiro. Ela era professora e inspirada pelas obras da Mary Wollstonecraft escreveu vários artigos em jornais e livros abordando o tema. Além de ter fundado a primeira escola para meninas do Brasil. Vale lembrar que nessa época as principais lutas do feminismo no Brasil eram: acesso à educação, direito de voto, livre acesso ao mercado e direito ao divórcio.



Em 1917 teve a primeira greve geral do país, começou em São Paulo e foi liderada por mulheres. Cerca de 400 operários de uma indústria têxtil, em grande maioria mulheres, pararam de trabalhar por 30 dias reivindicando aumento de salário, regularização do trabalho feminino, abolição do trabalho noturno para mulheres e fim do assédio sexual.


Em 1922 foi fundada a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino onde os principais objetivos eram o direito de voto e livre acesso aos campos de trabalho. Em 1927 Celina Guimarães fez história no Brasil, sendo a primeira mulher a votar.



Durante o governo Vargas em 1932, finalmente todas as mulheres conquistam o direito de voto.


As advogadas Romy Martins Medeiros da Fonseca e de Orminda Ribeiro Bastos indignadas com o fato de existir uma lei que dizia que a mulher casada era submetida à tutela do marido, criaram uma proposta que acabaria com isso. Em 1962 as mulheres eram livres para ir trabalhar, pedir a guarda dos filhos em caso de separação, viajar ou receber herança sem precisar da autorização do marido.


A década de 60 ficou conhecida como “liberação sexual”. Nessa época chegou ao Brasil as pílulas anticoncepcionais o que gerou uma forte autonomia para as mulheres e marca o começo da liberdade como um todo.


A Lei da Igualdade de Oportunidade de Crédito foi criada em 1974 quando as mulheres agora podiam solicitar cartão de crédito ou empréstimo bancário sem precisar da presença de um homem.


A ONU declara 1975 como o ano da mulher, e é adotado então o dia 8 de março como o Dia Internacional da Mulher. Com o objetivo de comemorar todas as conquistas até então realizadas por mulheres.


Um grande marco na história do feminismo brasileiro, em 1977 a lei que permitia o divórcio foi aprovada. Apesar de serem vistas com maus olhos pela sociedade, coisa que acontece até os dias de hoje, agora era algo legal.



Apenas em 1988 as mulheres passaram a ser vistas como iguais aos homens pela Constituição. Além disso, também foi criado a licença-maternidade, o incentivo a mulher trabalhadora, um prazo mais curto para aposentadoria por tempo de serviço e foi aberta a primeira Delegacia de Defesa da Mulher, que tinha o objetivo de atender mulheres vítimas de violência doméstica.


Até 2002 um homem poderia pedir a anulação do seu casamento caso descobrisse que sua esposa não era virgem. Porém em 2002 o Código Civil brasileiro excluiu esse artigo, e a perda da virgindade feminina antes do casamento deixou de ser considerada crime.


Em 2006 a famosa e de extrema importância lei Maria da Penha, foi criada para combater com mais rigor os casos de violência doméstica. Definitivamente um dos momentos mais marcantes do feminismo brasileiro.


Recentemente, em 2018 foi sancionada a lei que garante proteção às vítimas de assédio sexual, que até então não era considerada um crime. Muitas vezes nós pensamos que em pleno século 21 não precisaríamos ter que criar uma lei para dizer que assédio sexual é errado, mas aparentemente não é bem assim.


Diferenças: feminismo X femismo


Feminismo e femismo. Duas palavras bem parecidas mas que representam “movimentos” completamente distintos. É comum muitas pessoas confundirem os dois, e para evitar que isso aconteça vou explicar a diferença.



O que é o femismo?


Como já foi dito, o feminismo prega a igualdade de gênero entre homens e mulheres. Por outro lado, o femismo é um comportamento em que os seus praticantes acreditam que a mulher é superior ao homem. Ou seja, algo totalmente diferente.


Feminismo é o oposto do machismo?


Muitas pessoas acreditam que o feminismo é o oposto do machismo. O machismo é a ideia de que os homens são superiores às mulheres; que eles são mais capazes, que possuem mais direitos, que são mais inteligentes apenas por serem homens. Conseguiu perceber algo? O machismo é bem parecido com o femismo, são dois extremos que acreditam serem superiores. Então não, o feminismo não é o oposto do machismo, mas o femismo sim.




Por que feminismo é importante?


Se você leu até aqui e ainda não compreendeu o porquê do feminismo ser algo tão necessário, vem comigo que eu vou explicar. Eu recolhi o depoimento de algumas mulheres sobre essa questão, e é por isso que o feminismo é importante.


“O feminismo é importante pois mesmo que a constituição brasileira já preveja igualdade entre homens e mulheres perante a lei, sabemos que ainda é possível notar diversas formas de opressões sofridas por mulheres no dia a dia, uma diferença muitas vezes de tratamento que já está enraizada em nossa sociedade patriarcal, e nós do movimento ainda temos muita luta pela frente para que a igualdade realmente comece a ser efetiva na rotina das mulheres. Feminismo vai muito além de apenas lutar pela igualdade entre homens e mulheres, mas também sobre autoconhecimento, direito de controle sobre o próprio corpo, empoderamento feminino, luta contra a violência contra a mulher e feminicídio, pelo fim da cultura do estupro, poder andar na rua sem medo de ser assediada, das vozes às mulheres, acabar com a rivalidade feminina ensinando sobre sororidade e destruindo padrões impostos às mulheres pela sociedade machista.” - Helena

“Se formos pensar historicamente falando, jamais teríamos tido tantos avanços pessoais e sociais se não fosse pela causa feminista. É incrível poder pensar que podemos SIM fazer com que vejam o nosso lado e deixem essa coisa misógina de lado. Porém, mesmo com grandes avanços, por exemplo o dos direitos, visibilidade, ainda sim sofremos e nos são impostas muitas coisas dentro da sociedade como a sexualização precoce, desigualdade salarial, piadas irrelevantes e o mais grave...o feminicídio. Onde nós mulheres morremos apenas por sermos mulher, a cada dia em que mais uma de nós morre é mais um dia onde devemos ver a importância do feminismo e continuar lutando por ele” - Sophia

“Sem o feminismo, nós mulheres ainda estaríamos presas nos séculos passados, sem ter direito a voto, sem ter liberdade para amarmos a pessoa de nossa escolha. Seríamos ainda escravas de nossos maridos, nos submetendo aos mais variados absurdos. Sem o feminismo não alcançaríamos a nossa liberdade financeira e pessoal. Mas além de ajudar inúmeras mulheres, o feminismo ainda proporciona aos homens, a liberdade de sentir, de chorar, de viver sem aquela masculinidade tóxica que a sociedade o induz. Feminismo é equidade, é respeito e é liberdade. O real feminismo protege e luta pelos direitos de TODAS as mulheres, sem discriminá-las por raça, sexualidade nem religião.” - Gabi

“O feminismo não é só importante como é também necessário. Pois ainda sofremos objetificação dos nossos corpos. Ainda somos apontadas de sermos culpadas por abusos e estupros com a desculpa de que “tava usando roupa curta, pediu”. É necessário pois a taxa de feminicídio só aumenta a cada ano, e apesar de já termos conquistado leis que nos “defendem” e a inclusão do feminicídio no código penal; ainda temos muito mais para lutar e alcançar a tão desejada igualdade de gênero” - Mariana

“O feminismo é importante pelo fato de que ele prega a igualdade de gênero, e é facilmente confundido com o femismo, que é quando o gênero feminino se sobressai. Ele defende a igualdade de uma forma que a mulher seja vista da mesma maneira que o homem. A mulher tem que ter o mesmo direito do homem. Ela tem que sair na rua com segurança, e mais milhões de coisas que tornam o feminismo importante na sociedade. Apesar de viver em uma desigualdade muito grande ainda, ela já diminuiu muito!” - Eduarda

“O feminismo é importante porque mulheres ainda são estupradas e mortas pelo tamanho da roupa ou pelo horário que estavam sozinhas na rua. Até hoje uma mulher recebe um salário menor, mesmo exercendo a mesma função que um homem. Apesar de todas as lutas e conquistas das últimas décadas, ainda vivemos em uma sociedade patriarcal extremamente machista. Onde te julgam pelo seu órgão genital e não pelo seu caráter.” - Mariana

Mitos sobre o feminismo


O feminismo já alcançou tudo o que o queria. Isso está muito longe de ser verdade. Sim, nós já realizamos diversas conquistas que foram de suma importância para o movimento, porém ainda estamos longe do ideal que buscamos.


O feminismo quer tornar a mulher “melhor” do que o homem. Como nós vimos até aqui, o feminismo busca a igualdade e não a superioridade. Então não, o feminismo não busca impor o conceito de que a mulher é melhor que o homem, e sim que ela é igual.


Todas as feministas odeiam os homens. Não precisa nem pensar muito para concluir que essa afirmação está errada, né? Na verdade isso tem um nome, é chamado de misandria que significa ódio ou desprezo ao homem. É claro que sempre existem exceções, uma mulher pode se considerar feminista e misândrica, porém não é uma regra. As mulheres feministas não odeiam os homens.


As mulheres feministas não “se cuidam” ou não são “femininas”. O feminismo busca acabar com o padrão de beleza que nos foi imposto as mulheres. Não usar vestidos, maquiagem ou deixar de se depilar não te faz menos mulher; Assim como fazer todas essas coisas não te torna menos feminista. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.


Feministas são contra o homem pagar a conta. O feminismo não defende nenhum tipo de ódio às gentilezas. A maioria das mulheres feministas não vai atacar uma pedra em você caso se ofereça para pagar a conta ou abrir a porta do carro. O que o feminismo não apoia é o homem fazer isso por “obrigação”, e sim por ele sentir vontade. Assim como se a mulher quiser ela pode pagar a conta ou abrir a porta do carro para o homem ela pode. Afinal, não é obrigação de ninguém sair por aí pagando contas e abrindo portas.


Os homens podem ser feministas?


Muitas pessoas acreditam que apenas as mulheres possam lutar e defender o feminismo, mas não é bem assim. O feminismo é uma luta das mulheres mas não é possível sem o apoio dos homens.



Como um homem pode defender o feminismo?


Agora que você meu querido leitor homem já sabe que você pode sim defender o feminismo, vem a grande pergunta “Como eu posso fazer isso?”. Existem diversas formas de um homem apoiar o movimento feminista. Algumas delas são:


Primeiro de tudo, buscar ouvir e aprender sobre feminismo através de mulheres. É muito importante que os homens ouçam as mulheres. Quando alguma mulher disser que alguma fala ou posicionamento seu foi machista, não é a hora de discutir ou se vitimizar e sim de aprender e evitar que isso aconteça novamente.


Compartilhar o que você já sabe. Sabe a famosa frase “Juntos somos mais fortes”, ela se encaixa perfeitamente nessa situação. Quanto mais compartilharmos os ideais do feminismo, mais rápido teremos uma sociedade igualitária. Por isso, quando você homem estiver com seus amigos e por acaso um deles soltar um comentário machista, corrija ele, explique e assim podemos alcançar cada vez mais pessoas.


Tratar homens e mulheres de forma igual. Como assim? Desde criança é muito comum ter uma divisão clara entre meninos e meninas. Enquanto as meninas brincam de boneca e casinha, os meninos jogam bola e brincam com carrinhos. Um passo importante para o fim do machismo é acabar com essas divisões que apenas criam barreiras para ambos os lados. As meninas podem sim brincar de carrinho e os meninos podem brincar de boneca. Ensinar isso desde cedo é essencial para garantir que as próximas gerações cresçam com a consciência de que somos iguais.


Se colocar no lugar da mulher. Antes de fazer qualquer comentário, dar uma opinião ou realizar uma abordagem em uma mulher se coloque no lugar dela. Pense, se eu estivesse no lugar dela eu me sentiria ofendida de alguma forma, ou melhor, se fosse com a minha filha, mãe ou sobrinha e outro homem dissesse/fizesse como elas iriam se sentir?


Os homens podem sim ajudar nós mulheres nessa batalha. Porém, é sempre importante lembrar que nessa luta as protagonistas somos nós.


Por hoje é isso pessoal. Espero que vocês tenham conseguido entender um pouco mais sobre o feminismo e a importância dele na nossa sociedade.

Caso você ainda não tenha visto o meu post sobre Colonização de Marte você pode clicar aqui para acessá-lo e dar uma olhadinha. Não se esqueça de deixar um comentário e me contar o que achou :)

Muito obrigada por ter lido até aqui. Aproveita da uma olhada nos outros posts.

Fiquem à vontade para mandar sugestões, pedidos, críticas (construtivas, é claro), dicas e ideias. Podem enviar pelo meu e-mail, twitter, ou instagram. Caso encontrem alguma informação errada peço para que entrem em contato comigo para que eu possa corrigir o que for necessário.

Até o próximo post.


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